Ao primeiro olhar, não parece haver diferença entre os dois títulos acima, mas levando em consideração o correto português, sabemos que há muita diferença entre o "de" e o "com". E é essa diferença que na administração também muda muita coisa.
Estes são dois métodos de gestão necessários à organização. É importante gerir as pessoas e gerir com as pessoas. É importante dar ordens diretas aos funcionários, mas também é fundamental consultá-los para tomar decisões. Teoricamente, um gestor não participa do "chão de fábrica" das empresas, por tanto é necessário ouvir os lideres operacionais para tomar decisões mais eficientes - gestão com pessoas. Por outro lado decisões de cunho financeiro, por exemplo, tem de ser tomadas na maioria das vezes sem consulta ou sem a participação de colaboradores, afinal são informações confidenciais e poderiam gerar interesses pessoais.
Ultimamente esse tema tem sido abordado de maneira equivocada e desnecessária por diversas áreas da administração de modo que uma gestão elimina a outra. O fato é que a Administração de Recursos Humanos vem passando por uma crise existencial. Trata-se de uma mudança do conceito de RH, que passa a tratar as pessoas não como recursos e sim como integrantes ativos da gestão organizacional - seres humanos. É uma idéia extrema, com excesso de humanismo, uma hipocrisia e tanto. Tal discussão é tão surrealista pra mim, que dispensa essa própria publicação. Porém esse é um meio de ridicularizar mais ainda esse tema desnecessário.
Entenda que toda essa algazarra gira em torno de qual nomeclatura deve se usar para o departamento, setor, segmento, enfim, alega-se que o termo Recursos Humanos (atualmente Gestão de Pessoas) já não é mais adequado pois as pessoas não podem ser tratadas como recursos e não podem ser geridas. Ora, o que há de errado nisso? Para uma organização as pessoas são sim recursos. Recursos tão importantes quanto os outros, porém com qualidades e classificações distintas e especiais. Tanto são recursos que têm um valor financeiro mensurável. É verdade que devemos distingui-las de objetos, pois objetos não reagem à estímulos - à controversas, se tratar seus equipamentos mal, não vão durar muito tempo. O mesmo acontece com funcionários, caso os trate mal, não vão durar muito tempo.
Ao meu ver, o nome pouco importa. Importa a consciência de que não é feio nem desumano ter os funcionários como maquinas ou recursos. Recursos que são necessárias pra vida da empresa. O problema não está em tratar as pessoas como recursos, e sim em não respeitar seus recursos. Tenho amigos que tratam seu carro, celular, computador como achados na rua. Deixam o carro dois meses sem lavar, dirigem de qualquer jeito, enfiam o carro em qualquer vala, o celular cai a toda hora. Pra mim quem não cuida do carro, também não cuida dos seus funcionários. Trata-se de filosofia de vida. Assim como um carro, seu funcionário - lhe custa caro - é necessário para seu bom fluxo de atividades diárias - caso você não cuide dele, ele poderá te deixar na mão num momento importante.
É evidente que essa analogia é meio estúpida, mas dá pra ter uma idéia de que um bom gestor ou melhor, uma boa pessoa, deve tratar com cuidado e perícia tudo aquilo que lhe rodeia, sejam objetos ou pessoas.
Por fim, chega desse excesso de cautela, cuidado demais amarra as pessoas. Basta respeito e bom trato. Além disso, de nada adianta mudar a placa do departamento se na prática continua tratando seus recursos como descartáveis.